A ponderação

Na edição de hoje do jornal Público vem uma notícia que nos deixa a pensar.
É aí referido que existe um risco cada vez maior de, derivado da União Europeia possuir uma legislação muito rígida e rigorosa em relação á emissão de gases responsáveis pelo aumento do efeito de estufa (sobretudo o dióxido de carbono, ou CO2), alguns sectores industriais que dão emprego a muitas pessoas, e com peso importante nas economias dos Estados-membros da UE, deslocalizarem as suas produções para outras zonas do mundo, havendo assim a possibilidade de deixar alguns sectores fora dos limites de emissão de gases.
Este é o assunto principal da cimeira de chefes de Estado ou de Governo da UE que decorre hoje e amanhã em Bruxelas.
No entanto os Estados-membros encontram-se divididos em relação a esta hipótese, pelo menos a França, Alemanha, Itália, Espanha, Républica Checa e Eslováquia pediram para as conclusões da cimeira precisarem desde já os sectores mais vulneráveis a este risco e que poderão vir a deslocalizar actividades para países menos exigentes em matéria de CO2, abrindo-se assim a porta a um futuro regime de excepção para sectores como o aço, cimento ou alumínio.
Em compensação tal proposta foi terminantemente recusada por Holanda, Suécia e Estónia,
enquanto que a presidência Eslovena apenas refere a sua preocupação com esta situação, não tomando por enquanto qualquer partido.
Não tenhamos dúvidas da polémica que aqui se encontra subjacente, pois uma das ideias entretanto surgidas, de cobrar taxas à importação de produtos provenientes de países com legislações mais brandas em relação à emissão de gases prejudicais para o efeito de estufa (as denominadas "taxas carbono" ou "verdes"), é considerada uma medida explosiva, dizendo os críticos de tal ideia que esta a ser implantada apenas iria ontribuir para a proliferação de "guerras comerciais" com várias zonas do mundo, em especial com os Estados Unidos.
Não tenhamos dúvidas da pertinencia deste assunto, pois se é indiscutivel a importancia de defendermos o ambiente, é certo que também nao se podem entrar em exageros, pois é por demais conhecido o perigo das deslocalizações das grandes empresas, basta atentarmos no exemplo concreto do nosso país, embora no nosso caso, na esmagadora maioria das vezes, as deslocalizações tenham apenas como fundamento motivos económicos.
Por isso é importante tentar encontrar um equilibrio entre a defesa do meio ambiente e ao mesmo tempo evitar danos irreparáveis nos tecidos económicos dos Estados-membros, senão corremos o risco de vermos os números do desemprego dispararem para números astronómicos.
Enquanto isso, é triste ver que existe um número considerável de países que não têm qualquer tipo de escrúpulo em colocar de parte a defesa do ambiente, contribuindo para os enormes problemas ambientais que temos entre mãos, apenas tendo como preocupação o bom desempenho económico e onde existem empresas que não hesitam em deslocar as suas produções para esses Estados, mostrando assim que têm como única e exclusiva preocupação a obtenção de lucro.
Posto isto penso que seria mais sensato fazerem-se embargos a empresas que tenham esse tipo de atitudes, em vez de se tomarem medidas contra os Estados que as albergam, mas se calhar isso iria contra importantes interesses económicos existentes nos Estados-membros mais influentes.


ASS: Pedro Oliveira, ST11, Nº13838

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