Entender o Desenvolvimento Sustentável

A crise ambiental, revelada pelas alterações climáticas, põe em questão o modelo actual de produção e consumo, que reduziu de uma forma drástica os recursos não renováveis e tem de resolver a difícil assimilação dos recursos gerados. A solução passa por produzir e consumir de uma forma sustentável.

Desafios do Desenvolvimento Sustentável
Entender o ambiente como um bem que há que preservar.
Melhorar o nível de vida de milhões de pessoas, sem reduzir os recursos.
Dispor de um modelo de produção e consumo que permita, ao mesmo tempo, progressos socioeconómicos e protecção ambiental. Não devemos confundir desenvolvimento com produção e consumo.


Segundo o Quarto Relatório de Avaliação ( Banguecoque, Maio de 2007) do II Grupo do IPCC ( Grupo Intergovernamental de Peritos sobre as Alterações Climáticas),nos países subdesenvolvidos, mais de 150 milhõs de pessoas, os refugiados do clima, vão ter de procurar regiões onde a água e a terra permitam a sua subsistência e, ao mesmo tempo, sofrerão crises sanitárias. Nos países pobres, estes fenómenos já são uma realidade.

A exploração exponencial dos recursos
Na sociedade pré-industrial, o reduzido desenvolvimento tecnológico não produzia uma exploração importante dos recursos naturais. No entanto, a Revolução Industrial e as novas necessidades energéticas provocaram uma exploração acelerada de carvão e ferro e uma associação do bem estar económico e social à extração dos recursos.
Durante a primeira parte do séc XX, o progresso tecnológico teve um salto qualitativo e quantitativo, impelido pelas duas grandes guerras, e a extração de recursos cresceu de uma forma exponencial sob a tutela da utilização dos combustíveis fósseis. Ao mesmo tempo geraram-se grandes impactes na natureza, com fortes índices de poluição regional e planetária.
Este modelo de desenvolvimento, que liga produção a progressos tecnológicos, provocou um forte crescimento nos EUA e posteriormente na Europa, dando origem ao Estado Social, no Ocidente.
Na década de 70 e início da de 80, tentou transferir-se este modelo de êxito para os países subdesenvolvidos por meio de projectos de ajuda patrocinados, por via creditícia, pelos países ricos através do Banco Mundial. Estas ajudas ao desenvolvimento fracassaram devido ao seu carácter centralizado, homogeneizador e nitidamente técnico e, além disso, aumentaram o endividamento dos países pobres gerando uma grande quantidade de impactes.

Ao mesmo tempo, nos anos 60, com os primeiros relatórios do Clube de Roma, começou a ser a evidente que o modelo de desenvolvimento desenfreado não se podia perpetuar indefinidamente. A Conferência de Estocolmo (1972) foi a primeira chamada de atenção da comunidade internacional para o problema ambiental, embora a crise dos combustíveis fósseis dos anos seguintes a tenha feito cair no esquecimento.

O Relatório Brundland (1984-1987) da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento deu a conhecer o conceito de "desenvolvimento sustentável", que em seguida, seria implementado nas duas grandes cimeiras ambientais: a do Rio de Janeiro (1992) e a de Quioto (1997). Mas, como temos de entender, hoje em dia este conceito? É possível um desenvolvimento sustentável da humanidade sobre os actuais padrões económicos e de utilização de recursos?


Rumo a um Desenvolvimento Sustentável

Parece evidente que o desenvolvimento económico não implica o desenvolvimento humano. A crise dos modelos de desenvolvimento anteriores está a dar origem à formação de um novo modelo que seja capaz de satisfazer as necessidades básicas e incorpore o conceito de sustentabilidade ambiental. No entanto, o conceito de desenvolvimento sustentável é muito diferente entre os países ricos e os pobres. Naqueles, onde se atingiu um alto nível de bem-estar, tanto os cidadãos como os próprios Estados estão conscientes do mal causado à natureza e estão dispostos a pagar um preço por isso; mas, nos países mais pobres, a prioridade é a subsistência do dia a dia. Indefectivelmente, tanto uns como outros têm de começar a ligar desenvolvimento e ambiente.

Para que um modelo de desenvolvimento seja sustentável, é necessário agir sobre os três pilares: os cidadãos, os Estados e Organizações Internacionais.

No que respeita aos cidadãos, é necessário aumentar a sua educação ambiental, ensiná-los a consumir menos, tanto recursos, como energia. Impôr ao quotidiano a regra dos três erres, (reduzir, reciclar e reutilizar).

Os Estados, devem legislar e controlar actividades através do ordenamento territorial, desenvolver programas de I&D, promover tecnologias verdes e a alteração dos hábitos sociais ( melhoria de infra-estruturas, transportes públicos, eficiência dos recursos e reciclagem de resíduos). Do foro dos Estados é também a criação de Reservas Integrais de Biosfera e a gestão do principal "sumidouro" de CO2, as florestas.

Finalmente, os orgãos supranacionais devem facilitar a transferência tecnológica dos países ricos para os pobres, dado que podemos entender que os primeiros têm uma obrigação moral de colaborar como principais responsáveis pelo sobreaquecimento actual do planeta. Neste ponto, desempenham um papel importante os diferentes organismos que controlam o comércio internacional e que devem favorecer aquilo a que hoje chamamos comércio justo. Os países mais desenvolvidos estabelecem uma série de protecções dos seus bens e recursos, através de direitos de importação, que impedem o desenvolvimento dos países pobres e, por sua vez, controlam os preços dos produtos de primeira necessidade em que os países pobres podem, efectivamente, ser competitivos.

Esta transferência tecnológica deve dar-se e, todos os campos. O desenvolvimento dos países pobres deve realizar-se com a tecnologia actual dos países ricos. Se isto não for feito, impede-se o seu devolvimento e agravam-se os problemas ambientais e as crises humanitárias. Tome-se por exemplo o Darfur, cuja crise se originou na competição pela água doce, um recuso cada vez mais escasso no Sahel. Segundo alguns, o Darfur foi a "primeira guerra das alterações climáticas".

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