Mais de 87 milhões serão investidos na Ria Formosa até 2012

02.05.2008
Lusa


Mais de 87 milhões de euros vão ser investidos Ria Formosa até 2012, num conjunto de projectos coordenados por uma sociedade que terá participação do Estado e dos municípios de Loulé, Faro, Olhão e Tavira. A assinatura do protocolo entre as autarquias envolvidas e o Ministério do Ambiente decorre hoje, na sede do Parque Natural da Ria Formosa, em Olhão.


A intervenção na Ria Formosa abrange 19.245 hectares, com 48 quilómetros de frente costeira e 57 quilómetros de frente de Ria, num total de 12 praias.


O Plano de Intervenção inclui medidas correctivas da erosão - requalificação dos ilhotes barreira (prioridades assumidas no Programa de Acção "Litoral 2007-2013") -, a recuperação de lagoas e dunas e a requalificação das infra-estruturas portuárias de acostagem.


O valor do investimento preliminar ronda os 87,5 milhões de euros, 42 milhões dos quais correspondem a financiamento comunitário (Fundo de Coesão, FEDER e Fundo Europeu das Pescas). O financiamento nacional (45,4 milhões) é repartido entre o Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional (14,1 milhões), as autarquias envolvidas (8,5 milhões) e entidades como o Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, o Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos e o Ministério da Economia e Inovação (13,7 milhões no global).


Os restantes 8,9 milhões serão garantidos por privados e pelo Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana.


Esta notícia, quando lida por um tavirense, não pode deixar de chocar. Porquê? Porque ainda há cerca de 5 anos foi feito um investimento, de avultado valor, no mesmo sentido - evitar a diminuição dos areais e naturalmente, a preservação das praias e da própria Ilha, sem a qual não existirá sequer qualquer Ria.


O que os governantes se esquecem é da opinião daqueles que melhor conhecem as movimentações daquelas correntes - os pescadores e habitantes daqueles municípios que há algum tempo defendem a construção de pontões que permitam a acumulação de areias. As soluções, porém, preconizadas pelos governantes têm antes passado por outra via - a conservação e reconstrução do anel dunar através da colocação de estruturas em madeira que, por um lado, impedem o acesso das pessoas às dunas (evitando a sua destruição) e, por outro, induzem a acumulação de areias e consequente criação de novas dunas. Tal solução têm-se apresentado tímida nos resultados. no entanto, parece-nos útil se em conssonância com outras medidas.


Cabe, também, referir a constituição de uma sociedade para coordenar tal conjunto de projectos. Não poderia esta coordenação caber ao Parque Natural da Ria Formosa? Terá esta sociedade o mesmo fim que a Fundação para a Protecção de Gestão Ambiental das Salinas do Samouco, recentemente encerrada por imperativos finnceiros? Ou de algum modo, servirá interesses que não a defesa do ambiente e da população que, fortunamente, tem o prazer de acordar com a Ria Formosa a cintilar sob o Sol algarvio?


Embora seja de aplaudir este ímpeto ambientalista dos governantes, não pode deixar de se alertar para a falta de políticas consertadas de protecção ambiental que evitem investimentos desnecessários por força de repetição dos mesmos. É urgente uma política ambiental a curto, médio e longo prazo, porque, de outro modo, não se augura uma efectiva protecção do meio ambiente e consequente preservação da espécie e do Planeta.



Álvaro Regueira, nº 13802

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