A Comissão de Ambiente e Defesa da Ribeira dos Milagres enviou ontem ao Parlamento Europeu uma nova queixa contra a poluição naquele curso de água, informou o seu porta-voz. Hoje foi detectada mais uma descarga.
José Carlos Faria afirmou que esta queixa é a "última tentativa" de sensibilizar as autoridades para os sucessivos atentados ambientais na ribeira, que hoje teve mais um capítulo com uma nova descarga de efluentes suinícolas. A descarga começou a ser sentida hoje de manhã, sendo visível a espuma e a cor negra das águas bem como o cheiro intenso a efluente suinícola. Na carta enviada ao Parlamento Europeu, os populares lamentam a alegada inacção das autoridades e dos próprios eurodeputados, que receberam em 2003 mais de cinco mil assinaturas a denunciar este problema. Mas "tanto o nosso como o vosso trabalho foi infrutífero e inútil, pois não se obteve qualquer efeito prático", escreve a associação, que alerta para os riscos de poluição na foz do rio Lis, nomeadamente na Praia da Vieira. "Temos a nítida convicção de que teremos de deixar de acreditar na vossa instituição, pois apesar da nossa incessante e persistente luta e da divulgação dos referidos atentados ambientais nada foi feito para melhorar a nossa qualidade de vida", acrescentam os subscritores do documento. David Neves, presidente da Associação de Suinicultores de Leiria e responsável pela empresa Recilis (que vai gerir o efluente do sector com uma grande estação de tratamento e quilómetros de condutas), disse "compreender as preocupações" dos habitantes da freguesia dos Milagres. O responsável pediu um reforço de vigilância e fiscalização das autoridades. "Eu só posso condenar e pedir a punição dos culpados", afirmou David Neves, garantindo que a associação não está solidária com quem pratica estes atentados. "Não há razões para estas descargas", disse, alertando também que as autoridades deveriam alargar as inspecções a todos os produtores e não apenas sobre aqueles que estão cadastrados e incluídos no sistema de saneamento do sector, cujas obras deverão arrancar ainda este ano. "As autoridades actuam apenas sobre quem está declarado", mas ainda existem outras explorações que não aderiram ao sistema e que não são inspeccionados, acusou David Neves. A construção da nova estação de tratamento (Etar), com um custo total de mais de 30 milhões de euros, pretende resolver o problema de mais de 70 por cento da carga poluente do rio Lis. O início das obras deverá acontecer ainda este ano e o sistema deverá ficar concluído no "final de 2009 ou início de 2010". No total, a Recilis estima em 270 mil o número de porcos na região, que produzem efluentes equivalentes a mais de um milhão de pessoas, recordando que o sector movimenta localmente por ano 600 milhões de euros e suporta dois mil postos de trabalho.


in Público (12.03.2008)

Sofia Duarte, subturma 12

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