Cientistas americanos desenvolvem um novo material capaz de absorver o dióxido de carbono, o principal gás causador do efeito de estufa
Uma equipa de investigadores da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, concebeu um novo material que retém o principal gás causador do efeito de estufa, impedindo-o de poluir a atmosfera. A nova arma de combate ao aquecimento global pode surgir sobre a forma de esponjas que absorvem o dióxido de carbono.
Trata-se de um novo metal orgânico em forma de microesponjas que, no futuro, poderá ser usado para filtrar as moléculas de dioxido de carbono libertadas pelas chaminés de indústrias poluentes, como as centrais eléctricas, e pelos escapes de veículos automóveis; combatendo assim a formação do efeito estufa.Baptizados ZIF, os novos poros cristalinos foram obtidos através da fusão de moléculas orgânicas com diversos tipos de metais, como o cobalto (que serve para a produção de superligas usadas, por exemplo, em turbinas de gás dos aviões) e o zinco (aplicado na protecção de aço ou ferro contra a corrosão).
Os investigadores recorreram a um método semelhante ao utilizado no desenvolvimento de medicamentos para criar os 25 ZIF diferentes, com sensibilidades de absorção distintas. O mais eficaz revelou-se capaz de reter uma quantidade de dióxido de carbono 83 vezes superior ao seu volume.
Estáveis e fáceis de manusear, os ZIF são capazes de suportar condições adversas, como temperaturas até 400º C e a exposição a solventes como o benzeno e o metanol. Quando as esponjas atingem a sua capacidade máxima, o dióxido de carbono acumulado nos minúsculos poros pode ser retirado através de uma descida da pressão e colocado num contentor que pode armazená-lo, por exemplo, em grutas subterrâneas, para evitar a contaminação da atmosfera. Uma vez limpos, os ZIF podem ser reutilizados continuamente.
Para já, os cientistas apenas foram capazes de sintetizar pequenas quantidades dos novos materiais, mas estão convencidos de que será possível, num futuro próximo, produzi-los em grandes quantidades.
Com esta inovação, os investigadores esperam contribuir para tornar a captação e armazenamento de carbono - fundamental para minorar as alterações climáticas - mais simples, económica e amiga do ambiente. Hoje o processo de captação das emissões de carbono numa central energética requer materiais tóxicos e representa cerca de 20 a 30% do gasto energético da unidade; para o mais, armazenar o dióxido de carbono nas profundezas dos oceanos, que é a pática das centrais energéticas hoje, está a matar os recifes de coral e a vida marinha uma vez que aumenta a acidez dos oceanos.
Produzido pela respiração, pela decomposição de plantas e animais e pela combustão de materiais, o dióxido de carbono é o principal gás poluente produzido e um dos responsáveis pelo aquecimento global verificado no nosso planeta.
in Unica, expresso 1 Março 2008
Catarina Soares da Conceição
Subt. 11
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