As águas subterrâneas deixaram de ser um obstáculo à construção do futuro aeroporto de Lisboa no Campo de Tiro de Alcochete. Quem o diz é João Lobo Ferreira, investigador do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), que integrou a equipa de trabalho que preparou o estudo de comparação entre as localizações de Ota e de Alcochete para o novo aeroporto. Esta situação deve-se à existência de camadas arenosas pouco permeáveis, na parte superior do sistema aquífero, que servem de protecção.
«Existe um conjunto de formações que permitem defender a passagem de poluentes que tenham falhado as redes de drenagem», explica o especialista, para quem a Ota tem uma maior propensão para um elevado escoamento superficial quando comparada com o Campo de Tiro de Alcochete.
De qualquer forma, reconhece, em termos da qualidade das águas subterrâneas deverão ser tomadas todas as medidas necessárias para evitar a fuga de quaisquer poluentes que possam ser usados durante os processos construtivos. Por outro lado, na fase de exploração, o novo aeroporto de Lisboa deverá ter um sistema de gestão ambiental global e rigoroso, facto que, conjuntamente com o isolamento previsto entre a pista do aeroporto e os solos onde assenta, deverá assegurar a qualidade das águas. No caso de um acidente de poluição deverá existir um plano de gestão de risco para situações acidentais, bem como um plano de monitorização e de acompanhamento da obra nas suas várias fases.
João Lobo Ferreira lembra ainda que a Directiva Quadro da Água obriga a que todas as águas subterrâneas e superficiais tenham qualidade boa, em 2015. Por isso, com ou sem aeroporto, Portugal terá que atingir esse estado.
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