Na edição desta semana da revista "Sábado" vem uma pequena notícia sobre um assunto que sempre que há eleições autárquicas em Lisboa é abordado na campanha eleitoral, refiro-me ao tema da existencia, ou não, de portagens nas entradas de Lisboa.
Vem na referida revista que Manuel Salgado (o vereador responsável pelo urbanismo na Câmara Municipal) admite que, a prazo, haja portagens á entrada da cidade.
O senhor vereador proferiu estas palavras à RTP, no programa "Balanço e Contas", tendo então considerado que num futuro próximo os carros até poderão vir a ser muito menos poluentes do que hoje, mas que esta não é a única razão para condicionar o seu acesso ao centro da cidade, pois não deixarão de ocupar o mesmo espaço, tendo depois terminado a sua intervenção com um "sound byte", afirmando categoricamente que "o peão tem de conquistar espaço ao carro".
Parece que finalmente alguem com responsabilidades lembrou-se de falar sobre este importante assunto fora do contexto das campanhas eleitorais, onde faz parte do típico discurso para as televisões.
Como morador em Lisboa (mais propriamente na freguesia de Santa Maria de Belém), é com agrado que vejo esta ideia...
É constrangedor circularmos por certas artérias da cidade, como é o exemplo crasso da Baixa, que se tornou num simples ponto de passagem de carros, ou da Avenida da Liberdade (rua que apresenta dos maiores níveis de poluição da Europa), e constatarmos o número, elevadíssimo, de automóveis que, diariamente, entram e saiem de Lisboa, isto tendo em conta a população real da cidade.
Tenho a certeza que, a exemplo do que já vem acontecendo noutras capitais europeias, caso de Londres, deveriam ser instaladas portagens nas entradas de Lisboa, de forma a diminuir o fluxo de trânsito que atravessa as suas ruas, tentando igualmente baixar os índices de poluição, e
melhorar a qualidade de vida dos lisboetas, mas como em tudo, uma medida destas não pode ser tomada de ânimo leve.....
Para tal ser possivel de concretizar têm de ser, e muito, melhoradas as acessibilidades rodoviárias dentro de Lisboa, para evitar situações que acontecem actualmente, de estarmos á espera 45minutos por um autocarro, ou de demorar 1hora de Belem á Cidade Universitária; ou então expandir-se a rede de metro, que já provou ser o meio de transporte mais eficaz numa grande cidade, por ser rápido e pouco poluente; e porque não pensarmos em verdadeiros interfaces de transportes, situados estrategicamente nas entradas de Lisboa, onde as pessoas que venham dos arredores deixassem aí os seus veículos e se deslocassem para o centro da cidade de transporte pùblico.
Mas em vez disso o que temos vindo a assistir é a uma regressão da qualidade dos transportes públicos, atentemos na velocidade média da frota da Carris, que é baixissima, e que por isso tem vindo constantemente a perder clientes ao longo dos últimos anos, ou ainda no caso da linha de Sintra, que com a abertura do túnel do Rossio fez com que pessoas demorem mais tempo em transbordos....
Não é assim que conseguimos que as pessoas deixem o carro em casa e passem a usar os transportes públicos, senão daqui a não muito tempo teremos de recorrer a medidas drásticas como estas, que na minha opinião são cada vez mais necessárias.
ASS: Pedro Oliveira, ST11, Nº 13838
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