Praga ameaça pinheiro bravo em Portugal

Foi detectado um novo foco de doença na zona de Arganil. Governo admite que situação é "incontronável"

Os pinheiros portugueses estão em risco. Um foco de doença provocado pelo nemátodo do pinheiro foi detectado na zona de Arganil e o Ministro da Agricultura não sabe como resolver o problema.
Já em 2007, perante uma situação semelhante, o Governo tentou conter a expansão da doença que devastou a área de pinhal no distrito de Setúbal. Na altura, foram abatidos e destruídos todos os pinheiros infectados e criada uma barreira de contenção fitossanitária que se traduziu na abertura de uma faixa com três quilómetros de largura desde a zona de Sines até Vila Franca de Xira. Nesse espaço todas as resinosas foram cortadas para impedir a propagação do nemátodo do pinheiro, um parasita que seca por completo as árvores aniquilando-as.
"Conseguimos conter a doença reduzindo a sua incidência, mas agora detectámos um novo foco na zona de Arganil, na região centro do país", afirmou ao Expresso Jaime Silva, Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas. Mas o mais grave, segundo o Ministro, é que "não há uma solução definitiva de combate químico. Os insecticidas para o nemátodo ainda não existem e os que eram usados criam sérios problemas ambientais". Jaime Silva dá o exemplo do Canadá, cuja floresta está a ser assolada pela mesma doença, e onde já foram destruídos mais de um milhão de hectares. "Eles já chegaram à conclusão de que não podem fazer nada. Vão esperar que as árvores desenvolvam uma autodefesa, só que isso pode levar anos", explica o governante.
Os produtores florestais nem querem acreditar na notícia. Ao Expresso, a Federação dos Produtores Florestais de Portugal, uma das mais representativas do sector a nível nacional diz o seguinte: "Perante a gravidade de que esta hipótese se revestiria, a FPFP reserva-se a não comentar esta possibilidade, uma vez que até à data, não obteve qualquer informação sobre este assunto por parte da Autoridade Nacional Florestal (DGRF), entidade que considera idónea e responsável".
A Florestis - Associação Florestal de Portugal escusou-se a fazer qualquer comentário sobre o assunto.
No entanto, dois produtores florestais da zona centro do país, que pediram anonimato, adiantaram ao Expresso que já suspeitavam de que "algo de mau se estava a notar em algumas árvores" do Pinhal Interior - a maior mancha contínua de pinhal da Europa. "Se isto for verdade, como diz o Ministro, todo o pinhal pode desaparecer e com ele a base económica de toda a região centro", admite, incrédulo, um dos produtores.
Uma outra fonte ligada à Aflopinhal, uma associação de produtores da região de Oleiros, refere que "o pinhal é a única cultura que esta terra pode comportar. Se esta acabar, a terra fica deserta e as pessoas são obrigadas a sair daqui".
O Ministro da Agricultura sabe o alcance que esta calamidade pode ter, mas confessa que não tem uma solução para o problema. "Temos que nos habituar a este tipo de pragas que vieram para ficar". Explica que as alterações climáticas estão a trzaer doenças do norte de África que antes não atravessavam o Mediterrâneo. E dá o exemplo da doença da Língua Azul, que dizimou rebanhos no Alentejo.
Na questão do pinheiro, o Ministro adianta que se deve apostar na plantação de novas áreas que estejam disponíveis.

In Expresso

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