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As turfeiras desenvolvem no ciclo hidrológico insular, um importante papel.
As turfeiras, são formações que se encontram nas zonas altas (acima dos 500 m de altitude); são ecossistemas zonais que se caracterizam por serem produtores e exportadores de nutrientes (a turfa não é mais que matéria orgânica parcialmente decomposta). Porém além da função de produtoras e exportadoras de nutrientes, as turfeiras têm outras funções:

 de “filtração”, ou seja purificam a água retendo, na sua estrutura, todas as substâncias que são transportadas em solução, tais como iões metálicos e outras substâncias tóxicas;
 de tamponizarem o ciclo hidrológico, essencialmente em termos de fornecimento de água e a sua regulação. Estudos quantificam a capacidade de retenção de água em diversas tipologias de turfa. Em média, as turfas de Sphagnum retém até 94% do seu peso em água (do peso total duma amostra saturada cerca de 94% é água). A turfa florestal retém cerca de 80% e a turfa de graminóides apresenta uma média de retenção de água de 73%;
 De manutenção de cerca de 55% das espécies protegidas pela Directiva dos Habitats os quais estão dependentes dos nutrientes libertados pelos ecossistemas zonais de turfeiras e ainda de cerca de 50% dos Habitats Protegidos os quais necessitam de grandes quantidades de água provenientes das turfeiras das zonas altas para subsistir (incluindo 35% de natureza encharcada);
 combustível e como substrato para uso hortícola;

Deste modo são importantes as funções hídricas das turfeiras uma vez que estas regulam, após eventos de grande precipitação: (1) a infiltração (através de uma cedência gradual e contínua para os níveis inferiores, da água que intercepta); (2) a escorrência superficial e subterrânea e, consequentemente, dos caudais das nascentes; (3) a escorrência superficial, evitando o aumento rápido dos caudais; (4) a erosão dos solos.

As recentes alterações das paisagens das áreas de montanha, onde predominavam as turfeiras, para implantação de ecossistemas de produção, têm vindo a dar origem a alguns desequilíbrios assinaláveis nos processos ecológicos e regulação dos recursos. A diminuição destes sistemas de armazenamento de água em altitude está na origem de graves acidentes de derrocadas e de cheia de ribeiras, que todos os anos se conhecem nas nossas ilhas.

Em muitos dos casos a extracção de turfa ajudou a transformar as economias de algumas regiões e mesmo de alguns países. No entanto, em termos ambientais, os custos têm sido muito elevados e, estas poderão, a curto prazo, desaparecer para sempre. Para alguns países a conservação deste património vem mesmo demasiado tarde, como por exemplo para as turfeiras de Sphagnum, da Holanda e da Polónia, que estão destruídas. A Suíça e a Alemanha possuem apenas 500 ha, enquanto a Inglaterra perdeu já cerca de 90% das suas turfeiras.

Nos Açores existiram também actividades intensivas associadas à recolha de turfa, entre as quais o seu uso para fazer almofadas e para substrato para a cultura do Ananás – leivas - como por exemplo no Maciço da Lagoa do Fogo em S. Miguel. Mas a mais intensa, com maiores proporções e que tem vindo a alterar em maior grau as condições ecológicas das ilhas dos Açores tem sido, de facto, o seu aproveitamento para implantação de pastagens ou florestas de produção, provocando a drenagem dos solos e aproveitando os nutrientes da turfa, durante a sua mineralização. Alguns dados recentes, devem merecer a preocupação de todos, tal como o facto de que mais de 50% da área de turfeiras já foi, ou encontra-se actualmente intervencionada. No entanto existem ainda no Arquipélago vastas áreas de turfeiras em bom estado de conservação cuja salvaguarda é essencial para a vida selvagem, a defesa do património e da qualidade de vida nos Açores.
Por todos os motivos expostos, conclui-se que as turfeiras são essências devem haver uma maior preocupação na tua manutenção de modo a evitar, a extinção das diversas tipologias de turfeiras as de Sphagnum, as dominadas por espécies Gramínoides e as Florestadas, tendo em conta as suas características geomorfológicas, florísticas e de química da água, e consequente impacto ambiental.

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