A Comissão Europeia apresentou hoje uma proposta para melhorar a eficiência energética dos edifícios, a iluminação e a rede eléctrica com recurso às tecnologias da informação e comunicação (TIC), no âmbito da luta contra as alterações climáticas. O objectivo de Bruxelas é "reduzir a pegada de carbono" da União Europeia (UE).
A Comissão Europeia quer incentivar a indústria das TIC a liderar a redução das suas próprias emissões de dióxido de carbono (CO2) e a identificar e criar soluções que beneficiem toda a economia. Bruxelas apresenta como exemplo os servidores informáticos mais avançados, que consomem a mesma quantidade de energia que uma lâmpada normal. Se a sua utilização for generalizada pode economizar-se até 70 por cento de energia.
"A investigação e a rápida adopção de soluções inovadoras e que consumam pouca energia no âmbito das TIC vão ser fundamentais para reduzir as emissões em todos os sectores económicos", disse, em comunicado, Viviane Reding, comissária para a Sociedade da Informação e Meios de Comunicação da UE. Segundo Reding, "trata-se de uma situação vantajosa para todos, em que as referidas tecnologias promoverão a competitividade da indústria da UE, impulsionando, ao mesmo tempo, a luta contra as alterações climáticas.
"Se não se tomarem medidas, prevê-se que o consumo energético da UE aumente 25 por cento até 2012, o que fará também aumentar as emissões da UE. No entanto, segundo estimativas de Bruxelas, se as TIC forem aplicadas para utilizações sustentáveis poderão aumentar a eficiência energética em todos os sectores da economia, sem deixar por isso de contribuir com cerca de 40 por cento para o aumento da produtividade na UE.
Segundo a comunicação adoptada, a promoção de um mercado de vanguarda para essas tecnologias de grande eficiência energética pode ser também uma potencial fonte a longo prazo de competitividade, crescimento e emprego.
Bruxelas quer que o sector das tecnologias da informação e das comunicações, que representa actualmente dois por cento das emissões globais de CO2, dê o exemplo no sentido de alcançar uma neutralidade em termos de carbono. Para a Comissão, os verdadeiros benefícios das tecnologias “verdes” provirão do desenvolvimento de soluções energeticamente eficientes que afectem os restantes 98 por cento das emissões globais.
Para demonstrar que uma tecnologia "verde" permite reduzir as emissões de carbono e acelerar o crescimento em todos os sectores da economia, Bruxelas vai centrar-se em três dos sectores que mais consomem energia: a produção e distribuição de energia, o aquecimento e arrefecimento dos edifícios e a iluminação.
Segundo Bruxelas, a produção e a distribuição da energia utilizam um terço de toda a energia primária e, com recurso às TIC, a eficiência energética poderia aumentar em 40 por cento na produção e em 10 por cento no transporte e distribuição.
O aquecimento, o arrefecimento e a iluminação de edifícios representam mais de 40 por cento do consumo de energia europeu, sendo que as TIC permitem realizar uma monitorização permanente de dados para optimizar o rendimento da iluminação, da ventilação e do equipamento e apresentar actualizações em tempo real sobre o consumo de energia com vista a promover mudanças nos comportamentos.
Segundo a Comissão Europeia, a generalização das lâmpadas eficientes poderia, até 2025, reduzir em metade os 20 por cento de electricidade mundial utilizada para iluminação. Para a Comissão, as lâmpadas inteligentes, que se adaptam automaticamente à luz natural e à presença de pessoas, terão um efeito ainda maior.
No Conselho Europeu de Março de 2007, a União Europeia comprometeu-se com metas ambientais apresentadas pela Comissão liderada por Durão Barroso que prevêem em 2020 uma redução de 20 por cento das emissões de gases com efeito de estufa relativamente aos níveis de 1990 e a utilização de 20 por cento de energias renováveis até 2020.
in "Público" (13 Maio 2008)