Europa Verde



  • A Actualidade Ambiental na Europa:
    O ano de 2007 marcou um ponto de viragem na política da União Europeia em matéria de clima e energia. A Europa mostrou-se disposta a assumir uma posição de liderança a nível mundial no que respeita aos desafios colocados pelas alterações climáticas e pelo abastecimento de energia segura, sustentável e competitiva, bem como ao desafio de fazer da economia europeia um modelo de desenvolvimento sustentável no século XXI. Verificou-se uma evolução decisiva na opinião pública, que compreendeu que era imperativo abordar a questão das alterações climáticas e que a Europa se devia adaptar a uma nova situação, nomeadamente a redução das suas emissões de gases com efeito de estufa e o desenvolvimento de fontes de energia renováveis e sustentáveis. Gerou-se um consenso político quanto à necessidade de colocar esta questão no centro do programa político da União Europeia.
    Segundo os planos da Comissão Europeia, cada cidadão europeu despenderá 3 euros semanais, num total de 60 bilhões de euros até 2020, para reduzir a emissão de gases prejudiciais ao clima. Caso nada seja feito contra o aquecimento global, advertiu José Manuel Barroso, presidente da Comissão. "Queremos que a indústria permaneça na Europa. Não queremos exportar nossos postos de trabalho para outras partes do mundo" A União Europeia não será levada a sério se desrespeitar as metas acordadas no quadro do plano de combate às alterações climáticas e melhoria da eficiência energética. Discorda “daqueles que dizem que a mudança tem um custo demasiado elevado e não resta alternativa a enterrar a cabeça na areia e esperar pelo melhor. Há um custo, mas é exequível”. A transição para uma economia de reduzidas emissões poluentes constitui “uma oportunidade económica imensa” para a Europa, e o sector das energias renováveis, por si só, criará um milhão de postos de trabalho até 2020. “Estou certo de que a indústria europeia irá mostrar a sua capacidade para inovar e se adaptar”.

    Although the cost of action to reduce carbon emissions is high, inaction is even costlier, in both economic and environmental terms”
    Sir Nicolas Stern

    1- Dependência de Combustíveis Fósseis:
    A combinação proporcional do crescimento da população e desenvolvimento económico resultaram num progressivo aumento da procura e consumo energético nos últimos 15 anos. Actualmente, o petróleo e o gás correspondem a 60% das necessidades de energia primária da Europa sendo que a recente tendência da utilização preferencial do gás em detrimento do petróleo e carvão, diminui as emissões de CO2, porém aumenta o risco de fornecimento (Europa tem mais reservas de carvão do que de gás).
    A Europa para responder às suas necessidades energéticas, importa actualmente mais de 50 % de combustíveis fósseis (Carvão, Gás, Petróleo). Significando assim que a manter-se o actual status quo, a dependência da UE face às importações de energia passará dos actuais 50% do consumo energético total da UE para 70% em 2030. Pensa-se que a dependência das importações de gás aumentará de 57% para 84% em 2030, e a de petróleo de 82% para 93%.
    A elevada dependência da importação de combustível de um número muito restrito de países, põe seriamente em causa a segurança do fornecimento de energia. Actualmente, cerca de metade do consumo de gás da UE provém de apenas três países (Rússia, Noruega e Argélia). Se persistirem as tendências actuais, as importações de gás poderão atingir os 80% nos próximos 25 anos. Está a aumentar a procura global de energia. Prevê-se que a procura energética mundial – e as emissões de CO2 – aumentem cerca de 60% até 2030. O consumo global de petróleo aumentou 20% desde 1994 e prevê-se que a procura global de petróleo cresça 1,6% ao ano. Em 2007 e 2008 o preço do petróleo atingiu sucessivamente recordes máximos, materializando os cenários mais pessimistas de 100 dólares/barril (Máximo. histórico 119 dólares/barril). A tendência do aumento dos preços, agravada pela elevada dependência da Europa de combustíveis fósseis, tem um forte impacto negativo na balança de pagamentos. A despesa face ao exterior da EU27 de importação de energia primária cresceu aproximadamente 21% / ano desde 1999, devido ao aumento da procura e principalmente devido ao galopar dos preços do petróleo.
    Num cenário de médio prazo é expectável que a agregação de factores – agravamento da procura na Europa, aumento do consumo mundial (China e Índia) e a diminuição da capacidade de produção - possam gerar uma nova crise da economia mundial, com efeito directo no crescimento económico e na inflação. A “International Energy Agency” projecta cenários até 2030 de um acréscimo mundial da procura de petróleo em 37% e um crescimento da procura do carvão de 73%.

    2- Emissões de CO2 :
    a) Impacto ambiental

    Um dos efeitos da forte dependência e procura de combustíveis fósseis é a produção e emissão de elevados níveis de gases com efeito de estufa, que poderão causar danos irreversíveis no planeta. Os desafios das alterações climáticas têm de ser enfrentados de forma efectiva e urgente e são de importância vital para alcançar o objectivo estratégico de limitar o aumento da temperatura média global a 2°C, no máximo, relativamente aos níveis pré-industriais porém e de acordo com o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC), as emissões de gases com efeito de estufa já fizeram aumentar de 0,6°C a temperatura do globo. Se nada se fizer, haverá um aumento de 1,4 a 5,8°C até ao final do século. Todas as regiões do mundo – incluindo a UE – terão de enfrentar graves consequências para as suas economias e ecossistemas:
    - Aumento do nível médio do mar
    - submersão de cidades costeiras (Lisboa, Barcelona, Londres, Estocolmo..)
    - Extinção de um quinto a metade de todas as espécies animais;
    - Crescente intensidade de tempestades, fogos florestais, inundações e ondas de calor;
    - Progressiva desertificação de áreas secas;

    b) Medidas de combate
    As políticas e medidas comuns e coordenadas nas seguintes áreas têm um grande potencial na perspectiva do contributo que podem dar para que sejam reduzidas as emissões de co2
    - Programas em matéria de energias renováveis;
    - Programas relativos à produção combinada de calor e electricidade, à melhoria da eficiência energética no sector transformador e à mudança para combustíveis que emitam menos GEE;
    - Normas de eficiência energética (e/ou seu elevação) para aparelhos domésticos, equipamento doméstico de lazeres, equipamentos de escritório, de iluminação e de aquecimento e sistemas de ar comprimido;
    - Eficiência energética nos edifícios;
    - Melhoria da eficiência energética e redução das emissões de CO2 dos veículos de passageiros e de carga;
    - Melhoria da eficiência energética e redução das emissões de GEE nas indústrias pesadas (ferro/aço, produtos químicos, metais não ferrosos, minerais não metálicos, pasta de papel e papel) e grandes instalações de combustão;
    - Limitação das emissões de HFC, PFC, e SF6;
    - Redução das emissões de CH4;
    - Redução das emissões de N2O na indústria química;
    - Redução/supressão progressiva dos subsídios aplicáveis aos combustíveis fósseis e de outros subsídios, regimes e regulamentações fiscais que obstam a uma utilização eficaz da energia;
    - Aumento dos impostos mínimos como meio de reduzir as emissões de GEE e melhorar a eficiência energética;
    - Mudança para outros meios de transporte.

    3- Política Energética Europeia
    A UE está empenhada em assumir uma posição de liderança a nível mundial no que respeita aos desafios colocados pelas alterações climáticas e pelo abastecimento de energia segura, sustentável e competitiva com o objectivo de transformar a Europa numa economia de alta eficiência energética, com redução das suas emissões de gases com efeito de estufa e no desenvolvimento de energias renováveis e sustentáveis.
    a) Mercado Interno Energético
    Objectiva-se a construção de um Mercado Interno de energia à escala europeia verdadeiramente competitivo, interligado e unificado, tendo em vista o aumento da concorrência, incentive o investimento em benefício dos consumidores e promova um reforço da segurança de aprovisionamento e a diversidade de fornecimento.
    a.1) Medidas:
    Ø Criação de um “level playing field” para os fornecedores de energia, de forma a aumentar a concorrência e beneficiar os consumidores tornando simultaneamente o mercado mais eficiente;
    Ø Investimento em infra-estruturas de redes de fornecimento, contribuindo para uma maior segurança de aprovisionamento e fiabilidade dos fluxos com destino à União;
    Ø Garantir uma melhor inter-conexão e troca de energia entre os EM;
    Ø Maior transparência nas operações do mercado da energia;
    Ø Construção de sistema mais eficiente e integrado para o comércio transfronteiriço de electricidade e para o funcionamento da rede;
    Ø Maior harmonização das competências e reforço da independência das entidades reguladoras nacionais do sector da energia;
    b) Objectivos 20-20-20
    Ø Estabelecidos no Conselho Europeu de Março de 2007 e desenvolvidos na Comunicação da Comissão “Uma Política Energética para a Europa” e “Duas vezes 20 até 2020”;
    Ø Determinação de objectivos vinculativos para todos os EM até 2020, no que diz respeito às energias renováveis, eficiência energética e redução da emissão de gases;
    Ø Cláusula de Flexibilidade - Os objectivos deverão ser atingidos na perspectiva da partilha justa e equitativa de esforços e benefícios entre todos os EM, tendo igualmente em conta as diferentes circunstâncias, pontos de partida e potencialidades de cada país.
    Uma meta vinculativa de 20% de energias renováveis, em relação ao consumo total de energia na EU;
    Aumento de 20% no que toca à eficiência energética;
    Redução de 20% em emissões de gases com efeitos de estufa;
    Meta mínima vinculativa de 10%, para a quota-parte de biocombustíveis no consumo total de gasolina e gasóleo para transportes na UE.

    b.1) 20 % de energias renováveis
    Ø Objectivo vinculativo de aumento do nível da energia renovável no cabaz global da UE para 20% em 2020 (actualmente a quota-parte das energias renováveis no consumo final da EU é de 8,5%);
    Ø A energia renovável ajuda a melhorar a segurança de aprovisionamento energético da EU aumentando a percentagem de energia produzida internamente, diversificando o cabaz de combustíveis e as fontes de importação de energia;
    Ø Criação de novos empregos na Europa;
    Ø As energias renováveis emitem poucos ou nenhuns gases com efeito de estufa, e a maioria traz benefícios significativos à qualidade do ar;

    b.1.1) Barreiras Actuais:
    -Utilizar hoje energia renovável é em geral mais caro que utilizar hidrocarbonetos, mas a diferença está a diminuir, sobretudo quando se contabilizam os custos das alterações climáticas;
    - As economias de escala podem fazer diminuir os custos das energias renováveis, mas para tal é necessário que haja um forte investimento;
    - Falta de enquadramento político coerente e eficaz em toda a EU e de uma visão estável a longo prazo.
    b.2) Aumento de 20% de eficiência energética
    Ø Em 19 de Outubro de 2006, a Comissão adoptou o Plano de Acção para a Eficiência Energética, estipulando a meta de redução do seu consumo global de energia primária em 20% até 2020.
    Ø Uma eficiência energética melhorada pode contribuir da forma mais decisiva para se alcançar a sustentabilidade, competitividade e segurança do aprovisionamento;
    Ø Esta redução permitirá uma poupança de 100 mil milhões de euros e de cerca de 780 milhões de toneladas de CO2 por ano.
    b.2.1) Principais medidas:
    - Acelerar a utilização de veículos eficientes na utilização do combustível para o transporte;
    - utilizar melhor os transportes públicos e assegurar que os verdadeiros custos do transporte sejam assumidos pelos consumidores;
    - Adoptar normas mais rígidas e uma melhor rotulagem dos aparelhos;
    - Utilizar de forma coerente a fiscalidade para um consumo mais eficiente de energia;
    - Melhorar a eficiência da produção, transmissão e distribuição de calor e electricidade;
    b.3) Redução de 20% da emissão de gases com efeito de estufa
    Ø A UE assume o compromisso firme e independente de redução até 2020 das suas emissões de gases com efeito de estufa na ordem dos 20%, em relação a 1990,e tendo em vista reduzir colectivamente até 2050 as suas emissões em 60 a 80%, em relação a 1990
    Ø A EU adopta o papel de liderança na protecção internacional do clima mas sublinha que a acção colectiva internacional será determinante para suscitar uma resposta efectiva, eficaz e equitativa à escala requerida para fazer face às alterações climáticas.
    b.4) 10 % de biocombustíveis sustentáveis
    Ø objectivo mínimo de 10% no que respeita à parte de biocombustíveis sustentáveis para transportes na UE.
    Ø Os biocombustíveis constituem o único combustível para transportes alternativo viável no futuro mais próximo e será necessário, para assegurar sua expansão, fixar critérios em matéria de sustentabilidade ambiental para estes combustíveis.
    Ø Actualmente, são mais caros que outras formas de energias renováveis, mas num espaço de 15 anos serão a única forma de reduzir significativamente a dependência do petróleo no sector dos transportes.
    Ø É essencial existirem regras que garantam que os benefícios ambientais da utilização de biocombustíveis compensem os eventuais efeitos negativos sobre o ambiente.

    c) Plano Estratégico Europeu para as Tecnologias Energéticas (SET PLAN)
    Prende-se com um plano adoptado pela Comissão Europeia em Nov. de 2007. É um plano de longo prazo que visa reduzir os custos da energia limpa e colocar a indústria da UE na vanguarda do sector das tecnologias com baixa produção de carbono, contribuindo de forma importante para o crescimento e o emprego. Até 2020, as tecnologias deverão tornar realidade a meta de 20% de energias renováveis ao permitir um forte aumento da parte das energias renováveis de menores custos (ex: parques eólicos). Até 2030, a electricidade e o calor terão de ser produzidos cada vez mais a partir de fontes com baixas emissões de carbono e em centrais eléctricas equipadas de sistemas de captura e armazenagem de CO2, alimentadas a combustíveis fósseis com níveis de emissões quase nulos e por fim em 2050 e para além dessa data, deveria estar completada a passagem para um sistema energético europeu com baixas emissões de carbono, podendo o cabaz energético geral europeu incluir percentagens elevadas de energias renováveis, carvão e gás sustentáveis, hidrogénio sustentável e, para os Estados-Membros que o desejem, energia de cisão da Geração IV e energia de fusão.
    c.1) Medidas:
    –- Construir mais edifícios, aparelhos, equipamentos, processos industriais e sistemas de transporte dotados de eficiência energética;
    – -Desenvolver os biocombustíveis, em particular os biocombustíveis da segunda geração;
    – -Assegurar a competitividade a curto prazo de parques eólicos offshore em grande escala e preparar o terreno para uma super-rede europeia competitiva deste tipo de instalações;
    – -Desenvolver tecnologias de carvão e de gás sustentáveis, nomeadamente com captura e armazenagem de CO2;
    – -Tornar competitiva a electricidade fotovoltaica para a utilização da energia solar;
    4- Uma solução global para um problema global:
    No futuro, a UE representará apenas 15% das novas emissões de CO2, enquanto a China e os EUA em conjunto serão responsáveis por 40%. Com os novos objectivos, a UE consumirá em 2030 menos de 10% da energia mundial. Os desafios ligados à segurança do aprovisionamento energético e à luta contra as alterações climáticas não podem ser enfrentados pela UE ou pelos seus EM actuando individualmente, mas de todos os países em consonância com o princípio geral de responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e das respectivas capacidades. A UE deve trabalhar conjuntamente com países desenvolvidos e em desenvolvimento, consumidores e produtores de energia, para assegurar uma energia competitiva, sustentável e segura. A UE e os seus Estados-Membros devem prosseguir estes objectivos falando a “uma só voz”; A energia deve passar a ser uma parte central de todas as relações externas da UE esta deve desenvolver relações eficazes no domínio da energia com os todos os seus parceiros internacionais, baseadas na confiança, cooperação e interdependência mútuas

    5- Novo modelo energético: a vantagem do precursor:
    Enquanto os custos de desenvolvimento de uma nova geração de tecnologias serão muito significativos, os benefícios associados no crescimento do PIB e na criação de emprego podem diminuir, senão ultrapassar os custos desse mesmo investimento. O investimento deverá ser encorajado ao nível público e privado. A EU quanto mais rapidamente agir, mais possibilidades terá de tirar partido das suas competências e tecnologias para fomentar a inovação e o crescimento, bem como da vantagem que lhe confere a sua posição de precursor. As empresas europeias serão capazes de exportar estes produtos, serviços e know –how para o resto do mundo.
    a) Objectivo:
    Ø Colocar a indústria da EU na vanguarda do sector das tecnologias com baixa produção de carbono, e líder a nível mundial numa carteira diversificada de tecnologias limpas, eficientes e com baixas emissões, motor de prosperidade e contribuindo de uma forma importante para o crescimento e o emprego.
    b) Novas oportunidades:
    v As importações de petróleo e de gás deverão diminuir em cerca de 50 mil milhões de euros em 2020, o que melhorará a segurança energética e será vantajoso para os cidadãos e as empresas da EU;
    v Actualmente, as tecnologias de energias renováveis representam já um volume de negócios de 20 mil milhões de euros e permitiram criar 300 000 empregos. Até 2020 é expectável que este valor ascenda para um milhão de postos de trabalho.
    v A eco indústria é já responsável por cerca de 3,4 milhões de empregos na Europa, e com um grande potencial de crescimento.
    6- Nova ERA Energética = Nova Revolução Industrial:
    É necessária uma nova era energética para alcançar os objectivos definidos no Conselho Europeu em Março de 2007, de estabilizar o consumo de energia em 2050 por referência a 1990 e reduzir a emissão de CO2 entre 60 a 80%.Estes objectivos implicam as seguintes metas até 2050:
    - Duplicar as metas de eficiência energética, i.e. em 40%;
    - Expandir o contributo das energias renováveis para 1/3 do total de energia primária;
    - Redução das emissões no sector dos transportes em 40%;
    - Redução da dependência de combustíveis fósseis em 40%;
    Para alcançar este ambicioso objectivo, é imperiosa uma abordagem transversal de ganhos significativos de eficiência energética em todos os sectores: doméstico; industrial; transportes. É necessário também, em ordem a incrementar a sustentabilidade energética, uma alteração do comportamento dos consumidores e o estabelecimento de um quadro técnico, regulamentar e económico preciso e um forte investimento público e privado. A Nova ERA energética será imperativamente construída com base nos seguintes princípios:
    - Segurança de fornecimento – Assegurar o acesso permanente a fontes de energias primárias, garantindo simultaneamente a estabilidade de preços e a prestação de serviços de grande qualidade.
    - Sustentabilidade ambiental – promover a redução de emissão de CO2 através de ampla e eficiente utilização de energias limpas e renováveis;
    -Crescimento Económico Estável – estimular o crescimento económico através da competitividade e contribuindo para o desenvolvimento social dos diversos EM.
    a) Estratégia Sectorial:
    Actualmente não existe a tecnologia “perfeita” capaz de atingir por si os objectivos delineados pela Europa pois as tecnologias existentes não possuem a necessária dimensão, competitividade a curto e médio prazo, confiança, protecção do ambiente e maturidade técnica suficiente. A solução passará por efectuar progressos e esforços nos vários sectores da economia (transporte, doméstico, indústria e energia). A Estratégia sectorial (“wedge strategy”) no seu conjunto é capaz de alcançar uma redução de 60% a 80% da emissão de gases com efeito de estufa. O que leva a ganhos de eficiência no sector eléctrico (responsável pela redução de 68% das emissões), transporte (17%), doméstico (11%), e sector industrial (4%) permitirão no seu conjunto atingir o ambicioso objectivo da Europa. O sector eléctrico pela sua importância terá que promover o desenvolvimento de um leque de novas tecnologias, o que permitirá um uso mais racional da energia que produz e importa. Em particular terão que se desenvolver as tecnologias disponíveis: renováveis, captura e armazenamento de carbono (ex: criação de 12 centrais-piloto até 2015), nuclear e investir em outras tecnologias como as eólicas off-shore, segunda geração de biocombustíveis e inteligentes redes de transporte e armazenamento de energia. Em 2020, segundo as previsões dos avanços tecnológicos, as células de hidrogénio, captura e armazenamento de carbono e a 4ª geração de cisão nuclear serão uma realidade e transformarão a forma de produção e gestão de energia. Simultaneamente, os outros sectores deverão dar o seu contributo para alcançar os objectivos. A implementação do cenário no sector industrial irá diminuir a ratio do input de energia necessário para a produção do mesmo valor industrial. Ao mesmo tempo, no sector doméstico, o peso da factura energética irá diminuir para metade. Esta estratégia, que assenta sobretudo no desenvolvimento tecnológico, terá que incorporar as diferentes realidades nacionais dos EM. Deverão ser os EM a escolher qual o caminho a percorrer em ordem a atingir as metas de 2020 e 2050.
    a.1) Sector Doméstico:
    - O sector doméstico contribui significativamente para as emissões globais de carbono (11%);
    - Contabiliza 26% do consumo total de energia;
    - A manter as tendências actuais, o peso do sector irá crescer em inimagináveis proporções;
    a.1.1) Metas para 2050:
    - Reduzir a média do consumo doméstico em 30%;
    - Objectivo de emissões Zero;
    - Diminuição das emissões de carbono em 25/30%;
    a.1.2) Medidas:
    - Maior consciencialização e alteração comportamental pelos agentes;
    - Inovações tecnológicas (edifícios amigos do ambiente: aquecimento, arrefecimento, iluminação, ventilação);
    - Códigos de edificação e regulação eficaz;
    - Auto sustentabilidade de produção do total de energia consumida (80%) – micro-produção de energia e co-geração á escala individual.
    b) Sector dos transportes:
    - Contabiliza 31% do total de energia consumida;
    - Contribui em 14% das emissões totais de CO2;
    - Sector rodoviário representa 84% das emissões de CO2 do sector, enquanto o sector aéreo representa somente 14%, sector ferroviário 1% e navegação 1%;
    b.1) Metas para 2050:
    - Redução de emissão de carbono em 40%;
    - Penetração em 30% de biocombustíveis no sector rodoviário;
    - Ganhos de eficiência a rondar os 40%;
    b.1.2 Medidas:
    - Adopção generalizada de motores com baixas emissões e consumo de energia;
    - Progressiva penetração de veículos híbridos, desenv de carros movidos a células de hidrogénio e de veículos eléctricos;
    - Substituição dos combustíveis actuais por biocombustíveis e desenv dos biocombustíveis de 2ª e 3ª geração;
    - Alteração de comportamentos e maior consciencialização ambiental (maior utilização de transportes alternativos -bicicletas, transportes públicos…)
    c) Sector industrial
    - Representa, actualmente, 27% do consumo total de energia e 14% do total de emissões de CO2;
    - 2º sector que mais contribui para o consumo de energia na EU (depois do sector dos transportes)
    - É impossível alterar o actual paradigma sem uma remodelação neste sector, em especial as indústrias de aço e metal, químicos, papel…;
    c.1) Metas para 2050:
    - Redução da emissão de carbono em 25%;
    - Minimizar o desperdício energético nos processos industriais e fomentar uma maior eficiência;
    - Promover a auto sustentabilidade de produção energética através da cogeração e utilização de energias alternativas.
    c.1.2) Medidas:
    - Introdução de energias mais limpas no processo produtivo (ex. biocombustíveis);
    - Introdução de avançados sistemas de gestão de energia nas indústrias;
    - Apostar e Investir firmemente na cogeração;
    - Instalação de sistemas de captura e armazenamento de CO2 nas centrais de carvão e gás;
    7- Redução do consumo de combustíveis = redução de custos:
    -O contributo dos ganhos de eficiência energética no consumo e o incremento da quota-parte das energias renováveis na produção de energia, tem como consequência automática a diminuição das necessidades do petróleo e do gás.
    - Diminuição do peso das importações de combustíveis fósseis e do consumo total em 52% = menos 190 Biliões /ano;
    - Enquanto que esta mudança implica um aumento dos custos energéticos ( média ↑ 0.3% /ano entre 2005 – 2050), o peso da factura energética no PIB será menor em 2050 ( 9.4% em vez dos actuais 9.9%);
    Outros factores exógenos poderão reduzir ainda mais os custos, como as economias de escala e os ganhos de eficiência.
    8- Ideias chaves:
    Eficiência energética:
    - Redução dos gastos de energia em todos os sectores e nos diversos estágios do valor acrescentado;
    - Desenvolver através de maior e melhor I&D, tecnologias de ponta eficientes, que permitam a sua implementação progressiva no mercado, criando novas oportunidades de emprego e possibilidade de exportar essa tecnologia;
    Baixa produção de carbono:
    -Alcançar um patamar ideal de emissões ZERO em todos os sectores;
    - Garantir a sustentabilidade ambiental e melhorar a balança comercial da EU, baseada numa economia de baixo teor de carbono;
    - Assegurar uma diversidade gama de tecnologias que garantam altos níveis de segurança de fornecimento de energia;
    - Investir em Energias renováveis e outras tecnologias limpas que possibilitem um nº significativo de empregos na EU, incluindo as zonas mais isoladas.
    Descentralização :
    - Promover a participação de todos os agentes no sistema, tornando-os mais conscientes e responsáveis pelas suas escolhas;
    - Conceder aos consumidores a oportunidade de interagir e trocar energia e informação com os outros agentes;
    - Evolução para um modelo de fornecimento com maior quota-parte de microprodução.
    - Abordagem integrada global e transversal dos múltiplos sectores
    - Desenvolvimento de uma visão articulada com as necessidades e objectivos de todos os sectores;
    - Eliminar a concepção tradicional da procura e oferta;


Webografia:


- http://www.iambiente.pt/
- http://www.mj.gov.pt/
- http://www.euronatura.pt/
- http://www.responsabilidadeclimática.net/
- http://www.lpn.pt/
- http://www.wri.org/
- www.europa.eu/index_pt
- http://www.eurocid.pt/
- http://www.abcdoambiente.com/
- http://www.google.pt/





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