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O biodiesel, combustível obtido através da combustão de matéria vegetal ou animal, tem sido pensado como uma alternativa viável aos combustíveis derivados do petróleo, cuja escalada de preços assim como a ameaça do esgotamento das suas fontes torna a busca de alternativas urgente.
Passado o entusiasmo da descoberta, hoje sabe-se que o biodiesel traz quase tantos problemas quanto vantagens.
Um dos mais graves tem sido o aumento do preço da comida, que afecta mais gravemente os países mais pobres, que vêem o preço de alimentos essenciais como o milho e outros cereais subir a níveis fora do alcance das populações, causando a fome e consequentes disputas por comida. Ao mesmo tempo que vastas áreas de território são utilizadas para a plantação de cereais para serem utilizados como combustível para automóveis pessoas morrem à fome por não terem dinheiro para comprar esses mesmos cereais. Nem que fosse já por isto deveríamos questionar-nos se o biodiesel é uma alternativa viável.
Mas não é apenas sobre esta questão que devemos reflectir. De facto, o biodiesel traz outros problemas, como, ironicamente, aquele que se pretendia combater ao utilizar este combustível: cientistas, entre os quais o prémio Nobel Paul Crutzen, afirmam que a quantidade de gases libertada pela combustão de biodiesel tem contribuído mais para o aumento do efeito de estufa do que para a sua diminuição.
E em termos ambientais o impacto não se fica por aqui: erosão dos solos, deflorestação de grande parte da Amazónia para se plantar cana de açúcar, que é uma das plantas mais usadas como combustível, que leva a uma redução da biodiversidade bem como agudiza o problema do efeito de estufa por haver menos árvores a realizar a fotossíntese.
Perante tudo isto, e considerando que o biodiesel poderá efectivamente ser uma alternativa viável aos combustíveis fósseis, cabe reflectir sobre os inúmeros e gravíssimos problemas que coloca, de modo a que possamos considerar este combustível como uma alternativa viável e não como mais uma parte do problema que pretendemos evitar.