As alterações climáticas constituem um dos maiores desafios com que a humanidade terá de se defrontar nos próximos anos. O aumento de episódios de seca e de inundações são outros tantos sinais de que o processo está em curso. O risco é enorme para o planeta e para as gerações futuras e obriga-nos a agir com urgência.A União Europeia há vários anos que participa neste combate, a nível interno e na arena internacional, dele tendo feito uma das suas prioridades, reflectida na política climática que tem vindo a seguir. A União Europeia integrou também o controlo dos gases com efeito de estufa nas acções que se propõe empreender com vista à realização dos seguintes objectivos: consumo mais eficiente de energias menos poluentes; transportes mais limpos e mais equilibrados; responsabilização das empresas, sem prejuízo da sua competitividade; ordenamento do território e agricultura ao serviço do ambiente; criação de um quadro favorável à investigação e à inovação.
Com base nos trabalhos efectuados no âmbito do programa europeu para as alterações climáticas (PEAC), a União Europeia elaborou uma estratégia climática realista e preconiza a adopção de medidas concretas para limitar o aumento da temperatura a 2 ºC, em relação aos níveis pré-industriais.
A redução dos gases com efeito de estufa é um elemento fundamental da acção da União Europeia, que, graças a um mecanismo de vigilância, acompanha regularmente as emissões e a absorção desses gases. Para diminuir progressivamente essas emissões, a União Europeia pôs em prática, além disso, um sistema baseado nas regras de mercado - o comércio de licenças de emissão de gases com efeito de estufa - e adoptou regras especificamente aplicáveis aos gases fluorados com efeito de estufa.
O efeito de estufa é um processo natural, sendo responsável pela elevação da temperatura na Terra que não seria possível na ausência de GEE (se não existisse efeito de estufa, a temperatura à superfície da Terra seria em média cerca de 34ºC mais fria do que é hoje). Os GEE, presentes na atmosfera, criam uma espécie de estufa, permitindo a entrada de radiação solar mas absorvendo parte da radiação infravermelha (calor) irradiada pela superfície terrestre.
Os GEE são gases que absorvem e emitem radiação infravermelha. Para que a temperatura média global na troposfera seja relativamente estável no tempo, é necessário que haja equilíbrio entre radiação solar incidente absorvida e radiação solar irradiada sob a forma de radiação infravermelha (calor).
Os GEE mais importantes são o CO2 (dióxido de carbono), CH4 (metano), N2O (óxido nitroso), HFCs (hidrofluorcarbonetos), PFCs (perfluorcarbonetos), SF6 (hexafluoreto de enxofre) e ozono (troposférico). A queima de combustíveis fósseis (como o carvão e o petróleo) (responsáveis por cerca de 75% das emissões antropogénicas de CO2 para a atmosfera), fogos florestais, alterações no uso do solo, transportes e deposição em aterro são algumas das fontes antropogénicas de GEE.
As florestas, solo e oceanos representam sumidouros de carbono na medida em que permitem a sua retenção. Apenas as florestas e o solo, este último em muito menor escala, têm capacidade de trocar o carbono activamente com a atmosfera, sendo por isso considerados os mais importantes. No entanto, a destruição das florestas naturais e a libertação de grandes quantidades de CO2 têm levado a que a fixação deste gás pelos sumidouros não seja suficiente para compensar o que é libertado, tendo-se vindo a intensificar a sua concentração na atmosfera. Desde 1750, a concentração atmosférica de CO2 aumentou 31% enquanto que a de CH4 aumentou em 151%.
A temperatura média global da atmosfera à superfície aumentou durante o século XX em 0.6ºC +/- 0.2ºC, tendo ocorrido a maior parte do aquecimento durante dois períodos: de 1910 a 1945 e de 1976 a 2000, representando a década de 1990 e o ano de 1998 a década e o ano mais quentes do século. Este aquecimento tem acompanhado a fusão de glaciares sobre os mares (tendo já provocado nos últimos 50 anos uma subida de 10 a 20 cm do NMM – nível médio do mar) e lagos. A cobertura de neve mundial regrediu 10% desde o fim dos anos 60 e a espessura do Ártico cerca de 40%.
É provável que os países mais pobres sejam os mais afectados, mas todos os outros serão atingidos. Um país como Portugal desde já corre o risco de sofrer eventos climáticos extremos, como seca, ondas de calor e incêndios florestais. Por conseguinte, é do vosso interesse agir para atenuar os efeitos das alterações climáticas.
As consequências da inércia são evidentes. Não será exagerado dizer que as alterações climáticas representam ameaças graves, não apenas para o meio ambiente, mas também para a paz e a segurança no século XXI. A comunidade global deve cooperar para enfrentar esta ameaça contra o nosso planeta
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