Sintra: autocarro solidário recolhe objectos usados para dar a pessoas carenciadas
Publicada por Subturma 2 à(s) 12:36António Casimiro, 63 anos, residente em Massamá, tinha em casa uma televisão e algum material que não precisava e deslocou-se ao Reutilândia, um autocarro solidário que percorre o concelho de Sintra para dar a quem mais precisa.
O projecto Reutilândia é uma unidade móvel solidária ao qual se podem oferecer ou onde se podem procurar objectos já usados como móveis, electrodomésticos, roupas e brinquedos que ainda estejam prestáveis, tudo numa óptica de promover a reutilização de recursos e de ajudar quem mais precisa.
Este autocarro, que percorre as freguesias do concelho de Sintra até 13 de Outubro, em 2007 recolheu 16 mil objectos e distribuiu dez mil, tendo percorrido oito mil quilómetros.
O Reutilândia é um projecto do Grupo SUMA em colaboração com a Câmara de Sintra e com as 20 freguesias do concelho e foi lançado em 2006 no Dia Mundial do Ambiente.
Para o vice-presidente da autarquia de Sintra, Marco Almeida, este projecto "tem duas vertentes: a ambiental, que reduz a produção de resíduos e a social que satisfaz as famílias carenciadas que de outra forma se calhar não podiam adquirir estes objectos".
António Casimiro desconhecia este projecto e após uma primeira visita voltou mais quatro vezes para doar uma televisão, diverso material informático e candeeiros que já não utilizava em casa, mas que podem trazer alegria a famílias carenciadas.
"Tenho lá em casa uma data de coisas a acumular e a ganhar pó e assim sempre dá para ajudar as pessoas que mais precisam", disse António Casimiro, funcionário público.
O responsável do autocarro, Jorge Rodrigues, disse que existe um número para o qual as pessoas podem ligar (96.781.48.27) caso queiram doar objectos maiores como frigoríficos ou camas, e que não tenham possibilidade de os deslocar ao local onde o Reutilândia se encontra. "Ainda agora veio aqui um senhor pedir para irmos recolher uma televisão, um fogão a gás e um radiador", disse o funcionário, acrescentando que as recolhas "são feitas às quartas e sextas-feiras".
Mas quem não tiver nada para dar mas necessite de algum dos objectos recolhidos pode deslocar-se ao autocarro.
É o caso da Vanessa, de 10 anos, que sentiu curiosidade por ver "tanta gente a entrar e a sair do autocarro" e foi procurar uma boneca para a sua irmã Andreia, de 5 anos. No final da primeira visita Vanessa levou a boneca mas partiu de olho numa bicicleta.
Meia hora mais tarde, Vanessa regressou com a irmã e com a avó para ir buscar a bicicleta. Como a Andreia não gostou, levou mais uma boneca e uns copos para a avó, que também escolheu quatro peças de roupa.
"Precisava de roupa e de uns copos para a cozinha", disse a avó de Vanessa, a cabo-verdiana Maria Picada.
Segundo outro responsável do Reutilândia, Antero Borges, "as pessoas têm conhecimento do projecto espalhando a palavra".
E foi assim que Tiago André teve conhecimento "de um autocarro que dava bicicletas". Depois de ajudar a mãe nas compras que fez no supermercado mais próximo, o menino de 9 anos deslocou-se ao Reutilândia na esperança de levar para casa uma bicicleta.
"O Tiago gostava muito de ter uma bicicleta mas somos seis pessoas em casa a comer, e o dinheiro não dá para tudo", disse a mãe de Tiago, Carla Pinto, moradora em Massamá.
Tiago teve azar, das três bicicletas disponíveis nenhuma dava para o seu tamanho e lá se contentou com uma bola de basquetebol.
O responsável Jorge Rodrigues reconhece que faz "as pessoas felizes, principalmente as crianças", não fossem elas as principais beneficiadoras deste projecto que distribui desde computadores, bicicletas, livros, bonecos e jogos, até objectos para os mais graúdos como televisores, frigoríficos e camas.
"Veio aqui hoje uma senhora que queria um colchão mas como estes que temos não eram do tamanho que queria, combinei com ela que quando tivéssemos um, íamo-lo levar lá a casa".
Jorge Rodrigues explicou que cada pessoa pode levar no máximo três objectos, "salvo raras excepções dependendo das necessidades".
Etiquetas: Carla Lourenço
0 comentários:
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)