Para onde vai o lixo electrónico que o mundo produz?
A resposta surge surpreendente num artigo publicado na National Geographic de Fevereiro: quem leva com o lixo são os países pobres como o Gana! Por estes países podem ver-se mercados de sucata metálica, cujo negócio parece ter-se tornado uma espécie de “costume”, especialmente para as crianças. São estas que, na sua maioria, andam nos mercados em busca de cabos, tomadas, dispositivos electrónicos e outros para retirar as peças que se podem revender – como por exemplo, drives e chips de memória – queimando depois todo o plástico restante. Na China e na Índia também é possível encontrarmos este negócio. Aqui, o processamento dos resíduos electrónicos atinge proporções alarmantes e extremamente nocivas para a saúde pública e para o ambiente; as famílias fazem disto um negócio comum, usando até as mesmas panelas onde cozinham para fundir placas de circuito, de modo a obter chumbo líquido para vender. Face a este panorama, há que afirmar que, no século em que vivemos, temos de nos deparar com um novo tipo de lixo: o chamado “e-lixo” ou lixo electrónico. Apesar de a União Europeia proibir o envio deste lixo para os países menos desenvolvidos, a verdade é que todos os anos milhões de toneladas de resíduos electrónicos (computadores, telemóveis, televisores) acabam aí. É certo que algum desse lixo vai para os aterros; todavia, este modo de eliminação de resíduos pode provocar sérias fugas de substâncias nocivas, tais como o crómio, chumbo, berílio, arsénico e o cádmio. Assim, a maioria das empresas produtoras destas tecnologias não dispõem de um plano de reciclagem dos resíduos sólidos, sendo-lhes mais eficaz e rentável vender tais materiais a um intermediário que os leva para os países pobres, onde as leis ambientais são poucas ou nenhumas.
Contudo, nem tudo são más notícias. Muitos governos têm começado a tomar consciência deste problema, pelo que têm tentado criar uma rede regulamentar internacional. A Convenção de Basileia de 1989 foi o primeiro passo, dando-se em 1995 uma emenda a esta Convenção no sentido de impedir a exportação de resíduos sólidos perigosos para os países em vias de desenvolvimento. A União Europeia fez questão de incorporar estas exigências nas leis comunitárias; um sinal disso foi a Directiva publicada em 2003, que incentivava a “concepção verde do equipamento electrónico, fixando limites para os níveis autorizados de chumbo, mercúrio, retardadores de fogo e outras substâncias”. Embora o lixo tecnológico continue a escapar-se para os países pobres, é bom saber que já se está a fazer alguma coisa para minimizar a situação.
Etiquetas: Marlise Barbosa
1 comentários:
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Por enquanto é apenas no Distrito de Évora, mas em breve, os quartéis de bombeiros de todo o país receberão resíduos de equipamentos eléctricos e electrónicos(REEE), destinados a reciclagem. A iniciativa nasceu de um protocolo entre a Liga de Bombeiros e a Amb3E, entidade gestora destes resíduos.
Esperamos assim poder evitar que grande parte deste lixo seja enviada para outros países.