Notícia do Público de hoje

Ambientalistas alertam que Alentejo está ameaçado pelo plantio intensivo de olival


A afectação da Herdade dos Machados à plantação de olival intensivo está a justificar protestos das ONG. Também na Herdade da Ínsua, em Serpa, azinheiras dão lugar a oliveiras
O plantio intensivo e superintensivo de olival está a "ameaçar recursos naturais no Sul do país", nomeadamente na região alentejana, concluem o Centro de Estudos da Avifauna Ibérica (CEAI), a Liga para a Protecção da Natureza (LPN), a Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus) e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). Estas quatro organizações não governamentais (ONG) elaboraram um comunicado conjunto para denunciar os projectos de cultura intensiva que têm ocorrido ao longo dos últimos anos, em vários concelhos alentejanos, mas com maior incidência nas áreas sob influência da barragem de Alqueva.Aquelas ONG alertam para as consequências da aquisição, nos últimos tempos, de "extensas propriedades agrícolas por grandes grupos económicos, a preços inflacionados" que inviabilizam a sua rentabilização com base na agricultura convencional. O objectivo destas operações financeiras, prosseguem as organizações ambientalistas no comunicado, passa pelo "desenvolvimento de megaprojectos turísticos" baseados na "típica especulação imobiliária" e a propagação de um novo modelo de agricultura intensiva, baseada essencialmente no regadio, para dar suporte à monocultura do olival. Estratégia insustentável"Esta é uma estratégia de desenvolvimento rural insustentável, a médio e longo prazo e, por essa razão, inaceitável, grave e ilegal, especialmente quando estão em causa valores naturais protegidos, designadamente aqueles que estão incluídos dentro da Rede Natura 2000", realçam as associação ambientalistas, acrescentando que a olivicultura intensiva está a provocar "profundas alterações e mobilizações do solo, causando forte erosão, como já se verifica em Espanha". A plantação em massa de olivais no país vizinho já provocou a "destruição de galerias ribeirinhas e de áreas de montado, e as aplicações excessivas de herbicidas e pesticidas têm efeitos negativos muito elevados e irreversíveis sobre os ecossistemas". E alertam que um panorama semelhante está a ocorrer no Alentejo. Uma monocultura por outraA afectação de cerca de três mil hectares, na Herdade dos Machados em Moura (ver suplemento Economia do PÚBLICO de 7 de Março) é o mais recente testemunho de uma modelização cultural que num curto espaço de tempo substituiu a monocultura de cereais por uma outra monocultura, neste caso, do olival.Para além das características "ímpares" desta herdade, localizada parcialmente na Rede Natura 2000, na Zona de Protecção Especial (ZPE) de Mourão-Moura-Barrancos e no Sítio de Interesse Comunitário Moura-Barrancos, as práticas agrícolas que ali vierem a ser aplicadas impõem critérios de rigor no uso do solo. Com efeito, a Herdade dos Machados, que tem uma extensão de 6101 hectares, encontra-se situada sobre o aquífero Moura-Ficalho que pode vir a ser afectado por "riscos médios a elevados de salinização, com valores elevados de nitratos, de cloretos e de sódio". As quatro organizações ambientalistas advertem ainda para os riscos e consequência da aplicação de um modelo de cultura baseado na agricultura de monocultura intensiva. A perversão dos equilíbrios agrícola e ambiental "terá uma oposição forte e determinada das ONG nacionais", acentuam as quatro associações ambientalistas.Números oficiais revelados ao PÚBLICO pelo Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas (MADRP), em Novembro de 2007, referem que entre 2004 e 2006, em apenas 21 explorações agrícolas, foram abatidos 2642 árvores (597 sobreiros e 2145 azinheiras) que foram sacrificadas ao plantio de olival. De então para cá assistiu-se a um acentuado aumento das áreas plantadas para a produção de azeitona, desconhecendo-se ainda quantas azinheiras e sobreiros foram abatidos. Sabe-se apenas que o MADRP autorizou no passado mês de Janeiro o abate de 613 azinheiras, operação consumada na Herdade da Ínsua no concelho de Serpa.

In jornal Público

(para breve se promete um comentário sobre como será possível a intervenção do direito do ambiente nesta matéria, ou se fará sequer sentido intervir)

1 comentários:

  1. Subturma 12 disse...

    Efectivamente esse é um problema que se tem vindo a verificar nos últimos anos, sobretudo desde que o projecto Alqueva começou de facto a sair do papel. E como é dito na própria notícia, no país vizinho isso já trouxe resultados negativos. Mas há um largo numero de terras junto à fronteira, que há vários anos que está a ser adquirida por espanhóis, precisamente para esse tipo de plantação. Parece-me que os ambientalistas, neste caso, só se alarmaram devido à presença mais ou menos recente de grandes grupos económicos. Há vários anos que esta situação já ocorre. Falo com conhecimento de causa, pois há muito que é de conhecimento geral e alvo de critíca por muitos alentejanos.

    Ana Catarina Sabido st 12  


 

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